quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O mistério de Luziânia


Eu fico imaginando a dor das mães dos filhos desaparecidos que moravam em Luziânia, Goiás, após trinta dias sem nenhuma notícia ou qualquer iniciativa governamental para resolver este mistério.

São seis mães de Luziânia que esperam desesperadamente por notícias de seus filhos. Seis jovens sumiram do Parque Estrela Dalva em plena luz do dia. O primeiro a desaparecer foi Diego Alves Rodrigues, 13 anos. Em 30 de dezembro último, ele saiu de casa para uma oficina de carros no mesmo bairro. O menino nunca havia dormido uma noite fora de casa. Cartazes com seu nome foram espalhados em paradas de ônibus, supermercados e na delegacia. Mas, até hoje, nada do paradeiro dele. Em 4 janeiro, outro jovem desapareceu do bairro. Dessa vez, era a família de Paulo Victor Vieira de Azevedo Lima, 16 anos, que iniciava o calvário em busca do adolescente. Na sequência, George Rabelo dos Santos, 17 anos; Divino Luiz Lopes da Silva, 16 anos; Flávio Augusto Fernandes dos Santos, 14 anos; e Márcio Luiz de Souza Lopes, 19 anos, sumiram. Nenhum deles se conhecia e tampouco são considerados rebeldes pelos familiares.Desapareceram à luz do dia. Não usam drogas e não têm antecedentes criminais.

Várias hipóteses foram levantadas pela Polícia que podiam justificar o sumiço, como a de magia negra, ou trabalho escravo ou tráfico de órgãos ou de pedofilia.

O fato é que um mês depois do desaparecimento do primeiro adolescente residente no Parque Estrela Dalva, a polícia de Luziânia ainda não tem nenhuma pista sobre o paradeiro dele e dos outros cinco rapazes – entre eles um maior de 19 anos – que moram no mesmo lugar. Em 30 dias, o contingente policial foi reforçado, ganhou mais viaturas, as autoridades do município apreenderam os bens das vítimas( como computador, celulares e agendas) e a permissão da Justiça para vasculhar a vida pessoal delas e dos parentes. O presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, desembargador Paulo Teles, autorizou a quebra dos sigilos telefônicos e bancário de todos os envolvidos no caso, o que inclui também a abertura das chamadas recebidas e originadas dos aparelhos das mães dos adolescentes, além do telefone público.

Uma manchete sobre o caso, contudo, me deixou indignada: "Polícia de Luziânia rejeita ajuda federal nas buscas por menores desaparecidos". Os familiares das vitimas, solicitaram a entrada da Polícia Federal no caso, porém, o Secretário de segurança pública de Góias, negou o pedido. Ora, deve ser porque não tem nenhum filhinho de gente importante, porque senão já se tinham mobilizado deus e o mundo para encontrar os pobres adolescentes. De realidade, o que se tem é só boatos, boatos e boatos. Não dá pra entender, nem a polícia não sabe de nada, dizem as pessoas.



Os moradores do bairro Estrela D'Alva estão mudando a rotina e não deixam mais os filhos saírem sozinhos, nem para irem à escola. A voz da Presidente da CPI das crianças desaparecidas ecoa solitariamente entre as autoridades desse país. Quando a mídia noticia casos, a polícia é cobrada, o sistema se mobiliza, mas é por pouco tempo. Em questão de dias, papéis são arquivados, notícias são esquecidas.

Entretanto, o choro, o sofrimento e as buscas dos familiares continuam, num desespero solitário.

Diante da impotência das mães em relação ao descaso governamental só se registra no grito de que o buraco é mais embaixo!



Levic

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