quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O ano novo de luto


Bom, mas ao lado de nossos sonhos bons, não podemos esquecer que este final de ano foi carregado de pesadelos que perturbaram as festas, como as tragédias reais que nos atingiram em Angra e outras partes do país, mostrando que o ano começa mal. Entra ano e sai ano e os nossos governantes pouco se preocupam com as chuvas de final do ano, que neste ano foram mais intensas e destruidoras. Parece que eles não viram e nem querem saber que o buraco é mais embaixo.

Nas tragédias, naturais ou não, no desastre que se abateu sobre algumas áreas de Angra dos Reis, um jovem sobrevivente, em canal de televisão, deu um dramático depoimento sobre a morte de sua noiva que ficara debaixo dos escombros de lama, pedra e água. Suas palavras expressam bem a situação climática que está ceifando tantas vidas no país e no mundo: “Só depois da tragédia compreendi que não somos nada. A Natureza pode tudo, é poderosa demais. Passarei, de agora em diante, a respeitá-la muito mais.”

Essa fúria da Natureza tem explicação. Está intimamente correlacionada com o efeito estufa, com a poluição crescente provocada pelas emissões de gases carbônicos. A Terra está muito quente e as estações parecem se embaralhar e, quando mudam, mudam com feições atípicas, pelo excesso de neve ou pelo excesso de calor. A evaporação duplica assustadoramente.

As inundações fazem parte dos males da Natureza. Não há dúvida sobre esse ponto. Porém, o que se está vendo em toda parte é um desequilíbrio assombroso dos índices pluviométricos. Por toda parte, as notícias se espalham, mostrando que os rios estão subindo em excesso como nunca se vira antes, como aconteceu em várias localidades com as chuvas do final do ano.

Ante a perplexidade geral causada pela soma de tantas tragédias não há como escapar de indagações que martelam nossos pensamentos constantemente. Tais tragédias eram previsíveis? Se eram, teriam sido evitáveis? Há calamidades que são inevitáveis e imprevisíveis, como no caso de terremotos, maremotos e erupções vulcânicas, mas que no Brasil, felizmente, não há (bom, pelo menos até hoje).

No caso brasileiro o que há são “tragédias anunciadas”, desde aquelas que todos sabem que vão acontecer mais cedo ou mais tarde. É o que acontece com edificações, frequentemente ilegais, erguidas sem maiores cuidados em locais de risco, especialmente em encostas de morros, sujeitas a deslizamento de terras e pedras, ou em várzeas de rios, sujeitas a enchentes. Terá sido esse o caso da Praia do Bananal, em Angra dos Reis, onde a ocupação desordenada de espaço em área paradisíaca produziu consequências devastadoras?

Parece que a ocupação dessa parte do litoral fluminense foi deixada à vontade e, quando ocorrem essas tragédias, a população pode sentir de perto o alcance da falta de planejamento – a destruição de famílias inteiras, dentro de casas que não poderiam ter sido construídas naqueles locais. Esta é a trágica lição deste ano novo de luto.


Este é o dono da charge:http://cristovaovillela.blogspot.com/

Levic

Um comentário:

  1. O pior é que já tivemos terremoto no Brasil, nesse ano mesmo. Terremoto, maremoto e tufão.

    ResponderExcluir