domingo, 18 de abril de 2010

O modismo é um buraco!


Vendo as novidades dos camelôs numa das ruas de minha cidade, deparo-me com duas meninas pesquisando pulseirinhas de silicone de uma determinada cor. Eu, muito ingenuamente, começo a perguntar às meninas se ficava bem para mim o uso de uma das cores que estava exposta na barraquinha. As meninas me olharam estranhamente e sairam correndo, rindo como duas crianças travessas. Aquilo me invocou, mas no momento, não dei muita importância.

Dias depois, ao escutar o noticiário fico sabendo do estupro de uma adolescente que usava a pulseira do sexo. São pulseirinhas coloridas de várias cores, feitas de silicone, trazendo cada uma cor que corresponde a uma mensagem de convite a alguma prática sexual. Só aí que me toquei ao riso das meninas de há alguns dias atrás e vim a saber que crianças, adolescentes e jovens estão com a prática do uso das pulseiras, muitas sem saber o seu real significado.

À primeira vista, umas coloridas pulseiras de plástico nos pulsos de crianças parecem inocentes. Mas na realidade elas são um código para as suas experiências sexuais, onde cada cor significa um grau de intimidade, desde um abraço até ao sexo propriamente dito.

Segundo um modismo que surgiu na Inglaterra e chegou ao Brasil recentemente, arrebentar a pulseira de determinada cor obrigaria o portador da pulseira a se submeter ao ato correspondente àquela cor. Pulseira amarela, por exemplo, equivaleria a um abraço. Pulseira preta, a sexo.

Não se sabe como surgiu esse código nem como ele se espalhou entre os adolescentes. Na Inglaterra, as pulseirinhas ganharam o nome de shag bands (algo como “pulseiras da transa”). Lá também surgiu o jogo chamado “snap” (estouro, na tradução do inglês) e o dicionário de cores. O assunto chamou a atenção da imprensa e virou motivo de alarde entre pais e educadores quando crianças do ensino fundamental começaram a usar as pulseiras.

Não demorou muito para a novidade se espalhar pela internet e chegar ao Brasil. Redes sociais como Orkut e Facebook têm comunidades dedicadas aos fãs das pulseiras. Uma delas já reunia 40 mil seguidores na semana passada, a maioria com perfis de crianças e adolescentes. Embora seja comum encontrar jovens com o braço carregado de pulseiras, parte deles parece desconhecer seu significado.

Vendidas por camelôs em qualquer cidade brasileira, a novidade ficou conhecida por aqui como pulseira cool (legal, na tradução do inglês), pulseira da amizade ou pulseira da malhação. Um pacote com 20 unidades, de cores sortidas, custa cerca de R$ 1. Entre os mais jovens e os que não levam o sentido do snap a sério, as pulseiras também resumem o “currículo” sexual da pessoa. Vale a mesma regra das cores: quem já fez sexo pode exibir sua pulseira preta. Os mais “populares” costumam usar a cor dourada.

Mas as diferentes cores das ditas pulseiras de plástico – preto, azul, vermelho, cor-de-rosa, roxo, laranja, amarelo, verde e dourado – mostra até que ponto os jovens estão dispostos a ir neste jogo mal intencionado. Dizem que andam uns atrás dos outros nos recreios das escolas, na tentativa de arrebentar uma das pulseiras. Quem a usava terá de “oferecer” o ato físico a que corresponde à cor. Umcomportamento promíscuo que sugere, cada vez mais, que a inocência da infância pertence a um passado distante.





Levic

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