segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A aluna da saia curta


No dia 22 do mês passado, à noite, a estudante de turismo Geysi Arruda provocou alvoroço ao aparecer na faculdade com um minivestido rosa. Ela acabou sendo hostilizada por colegas no campus e teve de ser escoltada pela Polícia Militar até sua casa. Após sindicância feita pela faculdade, esta resolveu expulsar a aluna e advertir os alunos agressores.

A expulsão da aluna de turismo, em São Bernardo, que foi intimidada, insultada e quase linchada, se não fosse a interferência de uns poucos professores e colegas mais sensatos ali presentes, só saindo com escolta da PM, revela uma moral de duplo sentido na sociedade brasileira, permitindo que alunos tomem conceitos da Idade Média para julgar comportamentos. Aliás, depois do fato ocorrido, muita gente boa diz por aí que a aluna merecia este tratamento porque não usava roupa apropriada. Ora, o buraco é mais embaixo!

Acusa-se Geisy de estar se vestindo de forma provocante e por fim de ser um golpe seu para aparecer, já que quer ser modelo. Fosse ela uma prostituta assumida, ainda assim deveria ser respeitada em sua integridade e dignidade humana. Nada justifica o comportamento agressivo dos alunos da faculdade, que deveriam estar reinvidicando por melhor ensino ou apuração dos envolvidos da compra de sigilo das provas do ENEN.




O que faz então esta entidade que se diz educacional?



Prefere expulsar a aluna, enquanto apenas pune e preserva o anonimato de estudantes que incitaram as agressões e assédio moral e sexual de que ela foi vítima.

Mesmo que a jovem tenha a intenção de ser modelo, o que é um direito seu, teríamos então que punir a publicidade e a propaganda, e toda a mídia, que estão sempre veiculando mensagens de uso do corpo feminino como meio de sucesso e auto-estima.

Por outro lado, devemos chamar atenção que, no mundo atual, uma mulher deve ter autonomia para dispor do próprio corpo, vestir-se como gosta e não ser importunada por isso, arcando ela mesma com as consequências da sua escolha.

O papel de educar que foi menosprezado pela UNIBAN, a de oferecer aos alunos a possibilidade de refletir sobre esse comportamento perigoso e injusto, repensar as relações de gênero na nossa sociedade e refletir sobre os direitos humanos, teria tido um bom lugar oportuno para a prática da cidadania e da vida na sociedade. Mas a entidade achou mais fácil transformar a vítima em ré.


Mas que gracinha este vídeo:



Post-scriptum:As reportagens de hoje dizem que a faculdade voltou atrás e não mais vai expulsar a aluna. Ah!!! Sentiu, né? O buraco mais embaixo...

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